Capítulo 4 Almoço

Bia

Saio da editora constrangida e com raiva ao mesmo tempo, com vergonha pelo vexame que passei e com raiva pela ignorância e petulância daquele homem. Ligo para Emma e explico o ocorrido, afinal desliguei na cara dela quando estava prestes a cair no chão. Chego em meu apartamento e decido tomar um banho. Logo após coloco um vestido florido solto e um blazer por cima, prendo meu cabelo num rabo de cavalo e vou até meu computador resolver algumas coisas. Quando percebo já são perto das 11:30, descido descer e ir ate um restaurante que gosto muito almoçar. Visto uma sapatilha confortável pego minhas coisas e saio de casa.

Chego ao restaurante e opto por me sentar na varanda, gosto de ver o movimento das ruas. Me sento em uma mesa mais reservada, peço meu prato preferido, enquanto espero fico admirando a decoração do restaurante. É aconchegante, com plantas para todo o lado, as mesa e cadeiras são rusticas, que casam perfeitamente com as flores e verdes que se espalham pelo restaurante. Sou tirada dos meus pensamentos por uma voz masculina.

- Posso me sentar aqui? – pergunta o homem.

Quando me viro para responder sou surpreendida pelo rosto familiar. Era o mesmo home que tinha sido um ogro comigo mais cedo.

- Claro que não. – respondo de forma ríspida. E me viro para frente novamente.

Mesmo assim ele puxa uma cadeira na minha frente e se senta. Fico de boca aberta com sua audácia.

- Me desculpe por hoje mais cedo. Gostaria de pagar o seu almoço como forma de me desculpar. Posso provar que não sou esse ogro que você acha. Apesar de notar que você também não foi muito educada pela manha.- diz ele de forma segura e calma.- Sou o Noah, prazer. – ele estende a mão se apresentando.

Enquanto ele fala não posso deixar de notar que o quão lindo ele esta, ele é alto, muito musculoso, seu cabelo é curto e levemente rebelde. Seus olhos são escuros como a noite, e profundos. Tem um rosto harmônico que combina perfeitamente com seu sorriso malicioso.

-Sou a Bia, prazer.- aperto sua mão numa tentativa de recomeçar a forma como nos conhecemos mais cedo.

- O que estava fazendo na minha editora ? Nunca vi você por lá.- falou ele. Fico pasma em saber que ele é dono da empresa. Quer dizer que se passar na entrevista ele vai ser meu chefe.

- Fui fazer uma entrevista com Olivia, para a vaga de emprego. – noto que ele fica surpreso quando responde.

- Então você é a brasileira que Olivia me falou. Que bom, vamos nos encontar muito ainda pela empresa, você esta contratada, Olivia já a avisou. – fala ele de uma só vez.

Fico surpresa em saber que passei na entrevista.

- Serio?! Que ótimo. – falo meio em duvida, conviver com pessoas diariamente não era meu forte. Logo lembro que não vou precisar socializar muito, ficarei somente em frente ao computador e Olivia me disse que muitos dos trabalhos, posso fazer de casa mesmo e enviar para a empresa.

- Porque uma garota como você quer trabalhar em minha empresa? – Noah pergunta curiosamente. Logo o garçom chega e pergunta se vamos almoçar junto. Ele anota o pedido de Noah e sai rapidamente.

- Todos precisam trabalhar, né? E depois que me formei, não trabalhei muito nesse ramo, decidir voltar.- falei calmamente. Noto que ele me observa muita, não tira os olhos de mim por um segundo. De alguma formo fico tímida com aquele olhar.

- Entendo. Me desculpe por hoje mais cedo, estava atrasado. Acabei sendo um pouco sem educação.

Logo nossos pedidos chegam, almoçamos calmamente enquanto ele me enche de perguntas, faço o mesmo com ele. De alguma forma me sento bem perto dele, me sinto acolhida, ele é calma apesar de parecer muito bravo e ter a cara fechada a maioria do tempo. Fico surpreendida comigo mesma por estar conseguindo agir de forma natural perto de um desconhecido, sem me sentir envergonhada.

Terminamos o almoço, agradeço por ele ter pago tudo. Me despeço dele.

-Então é isso, agora você sabe que a nova funcionaria é de confiança.- brinco.

- Sim, de certa forma isso me alivia um pouco. Porem, mais trabalho para você.- brinca ele. -Te vejo amanha na empresa?

-Claro . Até amanhã. – me despeço. Saio andando em direção ao meu apartamento.

Ouço de longe. Ele falar.

- Até amanha Bia. Se cuida.

Ouvir aquelas palavras me causa um conforto. E pela primeira vez na vida sinto meu coração acelerar com as duas ultimas palavras que sai de forma calma, doce e mandona da boca dele.

            
            

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