Droga, Amanda tinha razão. Só de pensar, já me imagino chegando na casa da minha mãe de braços dados com um cara, vendo a cara deles...
-Marianne? Tá aí?... Marianne? Putz, acho que matei ela, Marianne?! - Ela insistiu.
-Não, não me matou, pelo menos não ainda. Sei que se esforçou, desculpa...- Ela foi legal, não merecia ser maltratada.
-Ainda posso cancelar, Marianne. Se não quiser...- Ela disse, sincera.
-Não- Falei decidida. Deva tirar algo disso, torço pra que sim.
Sexta-feira e eu não parava quieta, sem saber o que pensar, dizer ou vestir perto de um cara desses.
Meu Deus! A coisa saiu do controle. A culpa também é minha por deixar a Amanda fazer isso.
Ouvi o carro dela subindo a colina e pronto, acabou, minha morte começa agora, se eu não tomar cuidado. Fui até o espelho perto da entrada e conferi minha imagem. Usei pouca maquiagem, não curto muito, só uma sombra e um brilho labial. Tentei de tudo, mas as sardas no nariz e nas bochechas não somem com nada e nem dá pra esconder, então nem vale a pena.
Prendi o cabelo por causa do calor que faz nessa época na Austrália, mostrando meu pescoço comprido e magro e os ossos. Não tinha que estar me olhando no espelho esperando que o tal sujeito me achasse bonita, eu tô pagando, né?
Fui cruel e idiota. Como sempre, meu coração mole me fez pensar, justo agora, naquele cara e no que o levou a fazer isso. Respirei fundo, a gente nem vai se conhecer de verdade, ele só vai fazer o trabalho dele como meu novo namorado depois que meu ex me trocou pela minha irmã.
Ouvi a Amanda estacionar, ou era o Jason dirigindo. O sujeito deve estar com eles.
Prendi a respiração, super curiosa. Com certeza é um cara que nunca olharia pra alguém como eu, mas ele deve estar lá, pronto pra atuar por grana e pena. Dinheiro, isso sim. Tomara que ele não encontre a Jessenia e me entregue com a falta de interesse dele em mim.
A campainha tocou...
-Meu Deus, chegou!-
Respirei fundo três vezes e abri a porta. Tive dois segundos pra reagir, a Amanda se jogou no meu pescoço e gritou meu nome.
-Marianne, que saudade!- Retribuí o abraço, foi bom revê-la.
-Entrem, por favor- Falei quando ela entrou na frente do Jason, que me deu um beijo na bochecha, menos efusivo.
-Oi, Marianne- Ele disse, entrando com as malas da Amanda e as dele. Achei ele forte.
Quando me virei pra porta, quase caí. Acho que era coisa da minha cabeça, ou um sonho por causa do nervosismo. A Amanda e o Jason não deviam ter passado da porta, nem me deixado livre pra admirar o homem ali. Ele não podia ser real, ninguém era assim, ou será que minha experiência com os caras me impediu de ver os outros como ele, que estava ali e era real? Olhei ele de cima a baixo: sapatos pretos, finos e lustrosos, calças de linho pretas, bem cortadas e passadas, pernas musculosas dava pra ver, a camisa branca mostrava o peito largo e os braços fortes sem ser vulgar, as mãos eram grandes, cuidadas e finas, o pescoço e o rosto... O rosto era demais, queixo perfeito, nariz reto, aristocrático e os olhos de um verde e amarelo estranho, que me olhavam naquele momento, me analisando. Não sei qual era o veredito.
-Misericórdia!- O cara era lindo demais e eu sabia que não ia rolar e ninguém ia acreditar.
-Bom dia- Ele falou com uma voz grave e senti um arrepio, com certeza ele era perfeito pro que fazia, duvido que alguma mulher não ficasse satisfeita depois que um cara assim fizesse amor com ela.
-Bo... bo... bom...- gaguejei. Ele sorriu de canto. Com certeza estava rindo da minha cara, os dentes brancos iluminaram ainda mais o rosto perfeito e eu fiquei olhando pra boca dele que nem uma idiota.
-Marianne- Amanda chegou perto - esse é o Edgard Barrington, de quem te falei...