Capítulo 2 2. Rebecca

4 ANOS ATRÁS

Rebecca Andrade

Eu acordo e passo a mão pela cama, não encontro meu marido. Escuto o barulho do chuveiro, então vou em direção ao banheiro.

-Bom dia meu amor. - Eu falo enquanto ele está no banho.

-Bom dia minha linda. - Ele responde com um enorme sorriso.

Ele fica me olhando e me admirando. Eu estou só de camisola, mas minha barriga de nove meses e a minha médica, me impedem de ir até o chuveiro e melhorar a nossa manhã.

-Eu já te disse que você está linda grávida? - Ele fala.

-Você diz todos os dias. - Eu falo indo até a pia para escovar os dentes.

-Estou preocupado, acho melhor eu não ir nessa viagem, o bebê está para nascer e ... - Ele começa a falar mas eu o interrompo.

-Amor é o nosso primeiro trabalho internacional, claro que você deve ir. E o bebê só nasce em duas semanas, tempo suficiente para você ir e voltar. - Eu falo, depois de limpar a boca, e ele se aproxima de mim.

-Eu te amo demais Becca. - Ele fala e beija meus lábios.

-Eu também te amo Fábio. - Eu falo tirando minha camisola e entrando no box.

Depois do banho eu desci para o café da manhã, com meus três homenzinhos. Eu e o Fábio estamos tentando a nossa menininha, então ainda não sabemos o se'xo do príncipe ou da princesa que estou esperando. Queremos muito que seja uma menina, mas seja o que for, nós vamos amar igual.

Depois do café, meu marido se despede, com um beijo, ele leva o Marco para o colégio, e depois vai para casa dos pais e mais tarde ele irá viajar para Seattle, onde vamos fazer o nosso primeiro projeto internacional. Ele está tão empolgado que mesmo eu estando grávida de nove meses não pude deixar ele não ir, o combinado inicial era de irmos juntos, esse projeto está marcado a quase oito meses, mas houve problemas que atrasaram bastante o processo e o sonho dele sempre foi ser reconhecido fora do país, e quem sabe um dia até morar fora do país. Eu não conseguiria o impedir de ir.

O dia foi tranquilo, eu busquei o Marco na escola no horário do almoço e depois fiquei brincando com meus filhos na parte da tarde.

Era 18:30 quando o interfone toca, meu sogro André e minha sogra Marina entram na sala, com os olhos vermelhos como se estivessem chorando a um bom tempo. Eu encaro eles.

-Está tudo bem gente? Vocês estão me assustando e me deixando nervosa. - Eu falo entrando e encaminhando eles até a sala.

-Filha. - Seu André fala me abraçando. - Eu preciso que você seja forte e se acalme, pense no bebê antes de qualquer coisa. - Ele fala e eu sinto uma dor no peito, meu estômago revira.

-O que aconteceu, pelo amor de Deus me diga logo? - Eu falo sentindo uma falta de ar de repente.

-O Fábio veio almoçar com a gente... - Meu sogro faz uma pausa. - E quando ele estava voltando, um caminhão perdeu o controle e bateu no carro dele... - Eu não deixo ele terminar de falar.

-Então vamos, em qual hospital ele está? - Eu falo e os olhos do meu sogro enchem de água. - Ele está vivo, me diz que ele está vivo. - Eu falo não segurando minhas lágrimas.

Meu sogro abaixa a cabeça, e eu desabo sobre meus joelhos aos prantos. Eu não consigo pensar em mais nada, meu marido, eu perdi meu marido, eu começo a sentir uma dor forte na minha barriga.

-Aí! - Eu grito. - Hospital... meu bebê... - Eu vejo tudo escuro...

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DIAS ATUAIS

Pedro, o motorista dos meninos, me liga avisando que a minha mãe foi buscar as crianças na escola e não voltou ainda, as crianças saem 12h e são quase 16h. Ela sempre faz isso quando vem e nunca avisa o coitado que fica doido procurando por eles.

-Michelle cancele os demais compromissos, eu estou indo para casa. - Eu aviso a minha secretária Cíntia, ela está comigo há bastante tempo a considero mais como amiga do que secretária. .

-Tudo bem Sra. Andrade? - Ela pergunta.

-No momento não, mas vai ficar. - Eu falo com um sorriso pequeno, vou para garagem, pego meu carro e vou para Vinhedo.

Até já sei onde ela está, a minha mãe não toma jeito mesmo. Algumas horas depois. Eu estou chegando em frente a casa da Dona Magda. Magda é amiga da minha mãe, elas se conheceram no parque da Cidade e desde de então viraram melhores amigas e sempre que ela vem em Vinhedo, ela vai visitar a mulher. Eu toco a campainha e um Deus Grego atende a porta, ele é lindo. Cabelos Loiro escuros, olhos numa tonalidade verde acinzentado, maxilar bem modelado pela sua barba rala, o que me faz o encarar por mais tempo do que devo, talvez a falta de ter um homem na minha vida não esteja me fazendo bem, quando eu percebo que estou encarando ele nada discreta, eu fico um pouco sem jeito, e ele tem um sorriso de lado.

-Bo... boa Tarde, a Magda está? - Eu falo.

-Entre, eu irei chamá-la. - Ele diz com um sotaque puxado, logo se nota que ele não é daqui.

Alguns minutos depois a Magda vem até mim, sorrindo e me abraça.

-Becca querida, veio buscar a Lúcia e as crianças? - a Magda diz sorridente.

-Sim, sempre que ela some, ela vem para casa da senhora.- Eu respondo rindo.

-Senhora está no céu querida, apenas Magda, eu vou chamá-la. - Ela fala mas antes se senta ao meu lado. - Sua mãe me contou sobre a última babá. - Ela fala e pega minhas mãos me confortando.

-Aquela verme está atrás das grades agora Magda. - Eu falo nervosa. - Como ela pode fazer isso com uma criança, meu bebê, penso o que poderia ter acontecido se... - Eu falo e sinto meus olhos encherem de lágrimas.

A última babá tentou molestar meu filho mais velho, Marco apesar de ter 10 anos, ele é quase da minha altura, e tem um bom porte, parece ser um pouco mais velho, mas isso não é desculpa, por sorte a empregada desconfiou da demora da babá e foi até o quarto antes que ela pudesse fazer alguma coisa, chamou a polícia na hora.

-Eu não consigo contratar uma mulher para ser babá dos meus filhos, tenho medo de que isso se repita, e é tão difícil achar um babá do sexo masculino, eu recebi poucos currículos e dos poucos a maioria está interessado mais em cuidar de mim, do que dos meus filhos, se é que a senhora me entende. - Eu falo limpando as minhas lágrimas.

-Claro que eu entendo filha, você é linda, jovem, normal encantar os garotos. E também é rica. - Ela fala e logo fica um tempinho em silêncio. - O meu neto... Esse que lhe atendeu agora, veio dos EUA a alguns meses e está morando aqui comigo, ele quer arrumar um emprego remunerado, atualmente ele dá aula de inglês no orfanato da Vida, mas não recebe nada por isso, eu posso falar com ele. - Ela fala e sorri.

-Aí Dona Magda, se ele tiver interesse, peça para que vá a minha casa amanhã às 07h da manhã, para uma entrevista. - Eu falo sorrindo e confiante, sendo neto da Dona Magda deve ser uma boa pessoa.

-Eu irei conversar com ele hoje. Agora deixa eu ir buscar sua mãe. - Ela responde e vai até a cozinha, e eu continuo sentada na sala.

-Mamãe... - Eu escuto meus pequenos me chamando se aproximando de mim.

- Meus bebês. - Eu me levanto e os três me abraçam.

Enquanto eu estou com meus filhos, minha mãe e a Magda conversam algo, que eu não consigo ouvir. E logo elas se despedem e vamos para casa.

-Obrigado por ter vindo mamãe. - Eu agradeço, pois meu pai está doente e ela deixou ele para me ajudar a cuidar dos meus filhos enquanto não tenho uma babá.

-Tudo bem minha filha, eu amo meus netos, mas eu não vou poder ficar muito tempo, a cirurgia do seu pai está marcada para próxima semana. - Ela fala e eu vejo a tristeza em seus olhos.

-Não fica assim mamãe, vai dar tudo certo, e eu e as crianças estaremos lá te dando todo apoio. - Eu falo e apertei uma de suas mãos dando conforto.

Nós vamos para a casa que é no condomínio vizinho ao de Magda, chegamos em casa, conversamos um pouco, jantamos e depois eu subi, revisei alguns relatórios, tomei banho, dei um beijo nas crianças e voltei para o meu quarto, não sei porque o homem que eu vi na porta mais cedo me veio a cabeça, se eu contratá-lo vai ser uma tentação constante, eu o achei extremamente lindo, mas preciso pensar nos meus filhos em primeiro lugar e com esse pensamentos na cabeça eu fui dormir.

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