Capítulo 6 6. Rebecca

Rebecca

Eu entro no escritório, meu coração está acelerado, eu sinto o cheiro dele no meu corpo, mesmo suado, ele estava com o cheiro amadeirado de seu perfume, seu abdômen definido, sua respiração quente tão próxima ao meu rosto. Eu vou acabar enlouquecendo.

Minha mãe entra no escritório depois de mim eu ainda estou encostada na minha mesa, tentando recobrar meus sentidos.

-Vejo que interrompi alguma coisa. - Minha fala com um sorriso discreto.

-Eu acho que tenho que demiti-lo. - Eu solto a bomba de uma vez.

-Por qual razão? Por ele balançar seu coração a ponto de você querer viver novamente? Ou porque com ele faz suas pernas estremecerem, seu coração acelerar e você não sentia isso com o seu marido? - Ela fala me encarando.

Eu nunca escondi nada da minha mãe, e eu tinha contado para ela que depois da gravidez do Enzo, eu sentia o Fábio distante mas eu o amava, eu achei que fosse uma fase. Todos os casamentos tem seus momentos.

-Eu amo o Fábio mamãe, não tem espaço para outra pessoa em minha vida. - Eu falo e minha mãe se aproxima e me abraça.

-O Fábio morreu filha e você ficou viva, eu sei que você o amou muito, e que sente que perdeu sua vida quando ele morreu. - Ela faz uma pequena pausa e me faz encará-la. - Está na hora de você seguir em frente, foram três anos de luto e solidão, está na hora de você se apaixonar, de conhecer pessoas. De você criar novas lembranças, o Fábio nunca mais irá voltar. Mas não é porque ele morreu que você deve se enterrar com ele. Você é nova ainda, viva, abra seu coração, liberte a minha filha alegre e sonhadora que está presa dentro de você.

Meus olhos enchem de lágrimas, eu realmente queria poder passar um pano em tudo e viver novamente, mas é tão difícil, só de pensar que eu queria beijar o Oliver, eu me sinto traindo meu marido.

-Eu conheço o Oliver a apenas um dia mamãe, como ele pode me fazer sentir essas coisas. - Eu falo e minha mãe sorri.

-Essas coisas simplesmente acontecem minha filha a gente não escolhe, pode demorar anos, como pode acontecer uma noite. - Ela me solta enxugando minhas lágrimas. - Eu não estou dizendo para que corra para os braços do Oliver, o que eu quero dizer é que você se permita viver novamente, se o Oliver for o cara certo ótimo, se não for tem muitos homens neste mundo filha. Só se permita ser feliz mais uma vez. - Ela fala e eu amo essa mulher.

Minha mãe renova minhas energias. Óbvio que não vou deixar o Oliver entrar assim na minha vida, mas não irei impedir meu coração de se apaixonar, está na hora de viver. Por mais que ela tenha dito isso outras vezes, agora eu quero mais do que nunca tentar.

Eu converso mais um pouco com a minha mãe e então Oliver aparece na porta e dá duas batidinhas.

-Desculpe, mas a porta estava aberta. - Ele fala e eu fico sem palavras, ele está casual com uma Polo branca, uma bermuda Jeans e um sapatênis.

Eu reparo no relógio em seu braço, aquilo deve ter custado muito caro, algo que ele não pode comprar, mas então me lembro que ele é americano e lá essas coisas são a preço de banana.

-Tudo bem, a mamãe não sabe fechar portas. - Eu falo em tom julgador e ela me olha séria.

-Olha como fala comigo menina. Eu ainda posso te dar uns tapas. - ela fala e depois sorri.

-Eu vou deixar você irem acordar as crianças. - Minha mãe fala se levantando. - Ah! Já ia me esquecendo. Eu estou voltando para casa hoje e a cirurgia do seu pai é segunda, então espero por vocês esse fim de semana. Eu já falei na escola dos meninos, e consegui que que diretora adiantasse as férias deles uma semana então vocês poderão ficar lá em casa por um tempo. - Minha mãe fala indo em direção ao Oliver. - Eu vou adorar que você conheça minha casa, não é nada tão chique como essa ou como a da sua avó, mas é aconchegante, e meu marido vai adorar te conhecer, ele era professor de inglês na faculdade, antes de se aposentar. - Ela fala e o brilho em seu olhar ao falar do meu pai é notável.

-Eu vou adorar conhecer sua casa Dona Lúcia, mesmo que ela seja apenas um cômodo, assim como vou adorar conhecer seu marido. - Ela abraça o Oliver e sai.

Minha mãe iria embora hoje, pois eu ja tinha contratado uma babá, e pelo visto minha mãe simpatizou com Oliver, eu fico feliz, ela não gostava muito do Fábio mas como eu o amava ela sempre o aceitou.

-Então vamos, ou vamos nos atrasar. - Eu falo olhando para ele, que me encarava.

-Sim, claro. - Ele concorda e dá um sorriso de lado. Ele é muito lindo.

Subimos as escadas juntos, em silêncio. E então nós entramos no quarto do Marco.

-Marco, hora de acordar filho, levanta eu quero que você conheça alguém. - Eu falo tirando as cobertas de cima dele.

-Só mais 5 minutinhos. - Ele fala com voz sonolenta.

-Nada disso mocinho, vamos! - Eu falo e ele abre os olhos.

Ele estava de bermuda de dormir e sem camisa, mas quando ele vê o Oliver ele se cobre novamente.

-Porque você deixou ele entrar aqui? - Ele pergunta se cobrindo. - Porque ele tá aqui mãe - Ele fala nervoso.

-Calma filho. - eu falo acariciando seus cabelos. - Esse é o Oliver, você conheceu ele na casa da tia Magda. - Eu falo mas ele continua sério. - Ele quem vai cuidar de você e de seus irmãos quando eu não estiver. - Eu falo e ele olha para mim e depois para o Oliver com cara de desconfiado.

Oliver se aproxima da cama, e eu dou licença para que ele possa se aproximar.

-E aí cara. Me desculpa entrar aqui sem a sua autorização. Eu e sua mãe achamos que seríamos melhor conhecer logo pela manhã já que eu que vou te ajudar todos os dias. Tudo bem para você? - Oliver fala e o Marco o encara.

-Você não parece uma babá. - Meu filho fala, e sorri.

-É a minha primeira vez trabalhando como uma, antes eu dava aula de inglês no orfanato. Mas fiquei bem feliz quando soube que cuidaria de vocês. Espero que você me ajude a fazer as coisas certas, ainda estou aprendendo. - Oliver fala sincero.

-Eu vou te ajudar, mas só porque a minha mãe realmente precisa trabalhar. - Ele fala e estende a mão para o Oliver.

Oliver corresponde ao aperto de mão, eu falo para ele se arrumar e descer, e em seguida vamos para o quarto do Fred.

Nós entramos e eu me aproximo da cama.

-Bebe acorda, está na hora. - Eu falo acariciando seus cabelos. Ele logo abre os olhos, Fred sempre foi bonzinho para acordar. - Ele é o mais fácil de acordar, chamando uma vez é o suficiente. - eu falo e Oliver concorda.

Fred se senta na cama, olha para mim e depois para o Oliver.

-Bom dia Mamãe. - Ele fala e fica encarando o Oliver.

-Fred esse é o Oliver, ele quem vai cuidar de você e dos seus irmãos enquanto eu estiver trabalhando.

-Eu conheci ele mamãe, quando sai com a vovó. - ela fala esfregando os olhinhos.

-Que bom, que se lembrou de mim Fred. - Oliver fala ostentando seu sorriso com covinhas.

-Claro que eu lembro. - Meu filho fala com um sorriso discreto.

-Vai se arrumar nós te esperamos lá embaixo.- Eu falo indo em direção à porta.

-Tá bom mamãe. - Ele fala e vai para o banheiro.

Eu e Oliver saímos e vamos até o quarto do Enzo. No corredor eu falo.

-O Marco e o Fred se arrumam sozinhos, já o Enzo, tem que dar um banho rápido e trocar ele. - Eu abro a porta do quarto e ligo a luz. - Eu gosto de deixar as roupas e as mochilas deles preparada no dia anterior. - Eu aponto para a cômoda onde fica a televisão, as roupas dobradas e a mochila por cima.

-Tudo bem, eu posso dar banho nele e trocá-lo hoje? - Oliver pergunta.

-Claro, vai ser ótimo. - Eu me aproximo da cama. - Enzo meu amor, vamos para escolinha. - Eu falo dando um beijo em seu rosto. - Ele adora ir para escolinha então acorda sem dificuldades. - Eu falo para Oliver

-Bom dia Mama. - Ele abre um enorme sozinho ao ver Oliver, é estica os braços para Oliver pegá-lo. Nem comigo ele é assim, confesso que me deu uma pontada de ciúmes.

Na mesma hora, o Oliver se aproxima para pegá-lo, e meu filho dá um beijo no rosto de Oliver e um abraço.

-Oli oi! - Meu Enzo fala, se aninhando em Oliver.

-Oi Enzo. - Oliver fala e Enzo olha para ele.

-O que você está fazendo aqui, Oli? Veio me ver? - Enzo tem apenas quatro anos mas é muito esperto.

-Na verdade eu vou cuidar de você e dos seus irmãos enquanto sua mamãe estiver trabalhando - Oliver repete minhas palavras e só então meu filho me olha e abre os bracinhos para mim. E eu pego ele, e ele se aninha em mim.

-Obrigado mamãe. - Ele fala e me dá um beijo no rosto.

-Então vamos tomar banho mocinho senão vamos nos atrasar. - Eu falo e Oliver pega ele do meu colo. - Agora é com você Oliver. - Eu falo e dou um sorrisinho.

Ele me olha e pisca para mim e depois dá um sorriso destacando suas covinhas. Ele é gato para cara'lho.

No banheiro ele abre o chuveiro e coloca o Enzo debaixo do chuveiro. Depois ele tira os sapatos, a meia se vira para mim, ele tira a camisa de uma maneira tão se'xy, que eu estou babando, meu olhar vai para seus braços definidos, o peito largo, o V formado em seu abdômen até a calça. Eu volto a olhar para o rosto dele e vi que ele me flagrou na secada, mas ele está com um sorriso de lado, e os olhos brilhando.

-Você não vem, Oli. - Enzo fala.

-Estou indo. - Ele fala e vai até o box do banheiro.

Eu fico apenas observando, os dois e o cuidado com que um homem tão grande cuida de um bebê. Ele seria um ótimo pai.

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