Capítulo 4 4.Rebecca

Rebecca

Acabei chegando mais tarde no trabalho hoje, mas já havia avisado minha secretária ontem, depois que a dona Magda confirmou que viria com o neto pela manhã. Confesso que não esperava aquele pedaço de mal caminho ser o babá dos meus filhos, mas pelo o que a mamãe falou ele foi super legal com os meninos e ainda o Enzo foi para o colo dele.

Eu balanço a cabeça tirando esses pensamentos da minha cabeça e focando no meu trabalho, o dia passou tão lento, eu tive algumas reuniões, mas o que está me complicando é essa empresa de Seattle, eu tinha contrato certo com eles, mas agora estão dificultando tudo, de uns meses para cá, eles só fazem reclamar eu estou a ponto de desistir, se não fosse pelo sonho do meu marido, eu já teria desistido.

Eu olho no relógio e já são quase 19h, eu fiquei de pegar o Oliver, já que o motorista precisaria sair mais cedo. Eu desligo o computador, pego minha bolsa e vou em direção a garagem. Entro no meu carro, e vou para casa da Dona Magda.

Uma hora e meia depois eu estou em frente a casa da Dona Magda, eu buzinei indicando que havia chegado. E alguns minutos depois, ele sai na porta, ele está com uma bermuda bege, uma camiseta branca e um tênis, ele está casual, mas muito gato. A camisa apertada marca sob os músculos, ele sorri quando me vê no carro e Deus esse homem é lindo sorrindo, na verdade ele é todo lindo, eu começo a pensar o que de tão ruim aconteceu na vida desse homem para ele vir parar no Brasil, ele beija a testa da Dona Magda, e se despede, ela fala algo para ele e ele sorri e vem em direção do carro.

Eu saio do carro e abro o porta mala, depois vou até a dona Magda e a abraço e beijo seu rosto. E volto para o carro, ele fecha o porta malas e se senta no banco do carona, eu vou para o lado do motorista.

-Desculpa ter me atrasado, mas meu motorista me avisou de última hora que não poderia vir te buscar e eu saí atrasada de São Paulo. - Eu falo.

-Eu achei que tivesse desistido de mim. - Ele fala com um sorriso de lado. Que ressalta suas covinhas, ele tem lindas covinhas... pura tentação.

Eu foco na estrada séria, não quero demonstrar demais. Em poucos minutos estamos na minha casa, eu estaciono, e ele sai do carro para pegar a mala dele, eu o aguardo e juntos vamos em direção a porta de entrada. Está tudo escuro e em silêncio, os funcionários encerram o seu expediente às 16h, e a mamãe dá o jantar dos meninos às 19h. Eu coloco a chave do carro e minha bolsa no aparador.

-Vem eu vou te mostrar o seu quarto. - Eu falo e ele me acompanha subindo as escadas.

Eu paro no fim do corredor e olho para ele, ele também me olha sem dizer nada. Quando eu percebo que estou encarando ele mais do que deveria, eu me viro para frente. Eu abro a porta do quarto.

-Esse vai ser o seu quarto, todos são suítes, então você tem seu próprio banheiro. - Eu falo abrindo a porta. - E vou até o outro lado do quarto. - Aqui é seu closet. - Eu abro a porta e para minha surpresa, tem alguns ternos do Fábio. Instintivamente eu passo a mão pelos ternos. E seguro minhas lágrimas. Ele me observa em silêncio.

- Desculpa, eu pedi para a empregada esvaziar o quarto, amanhã esses ternos não estarão mais aqui. - Eu falo tentando ser o mais séria possível.

-Tudo bem, ainda tem bastante espaço e eu tenho pouca coisa, então não há problema. - Ele fala e se aproxima colocando a mão em meu ombro, me dando força.

Eu sinto que meu corpo se arrepia com o toque, então eu me viro para encarar ele e percebo que ele está mais próximo de mim do que deveria, eu me pego encarando os lábios bem desenhados dele, estamos tão próximos, ele olha nos meus olhos, como se estivesse tentando ler meus pensamentos, eu passo a língua pelos meus lábios, por alguns segundos eu quis que ele me beijasse, eu sinto o rubor nas minhas bochechas, então ele se afasta bruscamente, o que eu estou pensando... o que eu estou fazendo... é melhor eu ficar longe dele.

-Deixe suas coisas, eu vou te mostrar o resto da casa. - Eu falo, sem olhar para ele, um pouco envergonhada.

Ele concorda com a cabeça, e deixa sua mala no closet e eu ando em passos rápidos para o corredor e ele vem atrás de mim.

-Essa porta é do meu quarto, e essa de frente para o seu quarto é o do Lorenzo. - Nós avançamos alguns passos voltando para a escada. - Esse é o quarto do Frederico e essa porta da frente o quarto do Marco. - Andamos mais alguns passos. - Esse é o quarto de hóspedes, onde minha mãe está atualmente e... - Eu paro em frente a porta do último quarto. - E esse quarto é proibido de entrar, apenas as faxineiras entram nele.

-Ok! - Ele fala com uma expressão que eu não sei decifrar.

Eu desço as escadas e ele me acompanha. Eu mostro a sala novamente, depois a sala de jantar.

-Aqui é a cozinha, os empregados estão dispensados a partir das 16h, mas a Mara sempre deixa o jantar pronto na geladeira é só esquentar, e o Fred é diabético, a comida dele e as bebidas tem o nome dele etiquetado. - Eu falo e abro a geladeira e os armários mostrando. - Ele vai sempre te chantagear por doces, mas ele não pode sempre, mas quando quiser que ele seja bonzinho você pode dar esses que ficam nesse armário. - Eu falo e abro o último armário e vejo que o pote de doce do Fred está na última prateleira, eu fico na ponta dos pés para alcançar em vão. Então eu sinto um corpo encostando no meu por trás, e ele pega o pote com a maior facilidade.

-"Fred bonzinho" gostei do nome do pote. - Ele lê o que tá escrito na etiqueta e sorri abertamente. Eu me viro de frente e ele ainda está perto, então ele coloca o pote no lugar me encarando, será que apenas eu estou sentindo essa tensão entre nós dois, ele sorri de lado e logo se afasta. Só então eu solto um ar que eu nem percebi que estava segurando.

Eu mostro a lavanderia, a área gourmet, piscina e quintal, eu mostro a edícula, onde mora o chefe de segurança com sua esposa. Voltamos para dentro.

-Agora vamos para meu lugar favorito da casa. - Eu falo e ele sorri me seguindo. - Aqui é o meu escritório, essa porta leva para a biblioteca. - Nós passamos pela porta, e ele observa atento. - Fique à vontade para ler o que quiser, apenas coloque no lugar quando terminar. - Saímos no corredor novamente. - E aqui é a academia, a esposa do chefe de segurança, se chama Daniela e ela é personal, caso você precise, pode marcar um horário com ela, quando as crianças não estiverem em casa, o seu horário é livre ou se você gostar pode malhar sozinho, a escolha é sua.

-Tudo bem. - Ele fala.

-É isso, amanhã eu vou te chamar às 05h para acordar as crianças e elas te conhecerem no processo. Nós saímos às 06h, e você vai comigo até São Paulo, para conhecer nosso apartamento. Não vai ser preciso levar nada, como já é quarta feira, vamos ficar o resto da semana aqui para você se acostumar mais com a rotina e na próxima semana nós passamos em São Paulo a rotina lá é bem parecida com a daqui.

-Ótimo. - Ele fala, mas eu percebo que desde do momento do quarto ele está monossilábico, melhor assim.

-Então eu vou jantar agora, quer me acompanhar? - Eu pergunto, indo em direção à cozinha e ele me acompanhando.

-Adoraria... Mas eu já comi na vovó, muito obrigado, eu vou me retirar.. - Ele fala e vai apressado em direção às escadas.

Eu abro a geladeira, me sirvo do jantar, não tenho costume de comer fora de casa, na maioria das vezes eu janto com meus filhos, eu esquento minha comida no microondas pego um copo de suco e me sento na mesa, eu dou algumas garfadas e olho para o lugar que era do meu marido, quando percebo já estou vendo embaçado, já faz três anos, mas eu sinto falta dele como se fosse ontem.

Então eu pego apenas meu celular e vou para o meu quarto, eu vejo o Oliver de relance no corredor, mas finjo que não o vi, não quero ter que dar explicações. Eu sinto tanta falta do meu marido, ele me deixou tão cedo. Eu entro no meu quarto e vou direto para o chuveiro. E junto com a água minhas lágrimas caem. Depois de um tempo, eu saio e deito na cama de roupão mesmo. Mais um dia.

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